Maiores Erros ao
Falar em Público
Comunicar é muito mais do que transmitir uma mensagem. Tem como grandes finalidades captar e manter a atenção e garantir retenção de informação. Mais do que forma versus conteúdo, não é o que dizemos mas sim o que a audiência relembra; não é como dizemos mas sim como estruturamos a apresentação.
Vários erros são cometidos no que concerne à área de public speaking. Alguns baseiam-se em mitos, outros em distorções da realidade, outros na “simples” ausência de autoconfiança.
Por exemplo, se a nossa linguagem não verbal transmitir desconforto, a audiência consegue captá-lo de imediato e a sua atenção reduz drasticamente. Este acontecimento é disparado pelo chamado neurónio espelho: de forma subconsciente, o público imita o comportamento do orador baseado na dicotomia conforto/desconforto. Se o orador está desconfortável, a audiência fica desconfortável. Sente, inclusive, vergonha alheia.
Veja, abaixo, alguns dos maiores erros ao Falar em Público.
1. Desvalorização da situação
Estarmos nervosos antes duma apresentação significa que nos preocupamos com o que vai acontecer, em garantir que o público vai perceber a nossa mensagem, em ter uma boa prestação em palco, em atingir os nossos objetivos.
Perante frases como “não te preocupes” ou “imagina a audiência nua”, o incentivo para fazermos o nosso melhor decresce, levando-nos a não nos prepararmos ou treinarmos. Internamente sentimo-nos menos nervosos mas, externamente e na realidade, teremos uma pior apresentação e iremos falhar.
Temos de aprender a lidar com a circunstância e colocarmo-nos nas melhores chances possíveis de atingirmos os nossos objetivos.
2. Confiança líquida
Porque é que algumas pessoas julgam que o álcool é útil antes de momentos de comunicação? É, claro, um efeito placebo – não vai, efetivamente, tornar-nos mais confiantes e vai, pelo contrário, abalar a nossa prestação.
O álcool tolda a nossa capacidade de raciocínio (uma única cerveja pode ter esse efeito). Ficamos com menor acesso ao nosso processo de memorização e usamos ainda mais bengalas verbais (“ahm…”) do que normalmente. Os tiques nervosos são, também, exponenciados pelo álcool.
3. Comprimido mágico
Antes duma apresentação, há quem recorra a betabloqueadores. Estes são comprimidos que, como indica o nome, bloqueiam o nervosismo… e todas as outras emoções. A pessoa deixa, de facto, de se sentir nervosa mas acaba por se assemelhar a um zombie: não tem expressões faciais, não gesticula, está completamente parada e com um discurso monocórdico.
As soluções naturais são sempre melhores e mais eficazes do que as soluções químicas. Veja o artigo Como não ficar nervoso ao falar em público? para descobrir alternativas saudáveis, realistas e eficazes ao uso de produtos químicos nefastos para o seu bem-estar e para as suas apresentações.
4. Agradecimentos em 1º lugar
O politicamente correto leva-nos, frequentemente, a iniciar a apresentação agradecendo aos colegas do painel, ao Dr. XPTO… Quando começamos assim, estamos, basicamente, a dizer à audiência que a apresentação não vai ser interessante mas sim “mais do mesmo”.
A Atenção Total Seguida do ser humano é de cerca de 2 minutos. É nesse tempo que recolhemos toda a informação e tomamos total atenção. Isto significa que o início da nossa apresentação irá ditar o grau de atenção que vamos ter por parte do público. É, ainda, nos primeiros 10 segundos que a maioria da atenção é retida e a audiência se questiona se vai valer a pena prestar atenção.
Se conseguirmos captar essa atenção logo no primeiro minuto, será muito mais fácil mantê-la. Se não conseguirmos, muito dificilmente iremos ser capazes de reganhá-la.
Se há agradecimentos a fazer, principalmente em momentos formais, devemos fazê-los, no mínimo, após a abertura do discurso. A abertura deve ser, por exemplo, colocar uma questão ou fazer uma citação (esta última aumentando o grau de credibilidade percecionada por parte do público).
No entanto, o momento ideal para os agradecimentos é no final da conclusão.
A audiência, no preciso momento em que se percebe que algo vai terminar, dá toda a atenção ao orador. Aqui, o orador reganha, então, a atenção da audiência para chegar ao impacto final – a mensagem-chave que ficará na cabeça do público.
5. Só o material é que importa
Uma apresentação informativa, bem feita, anda à volta de 90 palavras por minuto. Prima-se pela clareza do discurso, baixando a velocidade a que se fala, e há menos material, para que toda a mensagem seja percebida. Um discurso persuasivo contém de 150 a 170 palavras por minuto. Um discurso motivacional, de 200 a 210, contagiando a audiência com energia.
Isto significa que, dependendo do nosso objetivo em concreto, devemos encontrar a melhor forma de transmitir a mensagem e garantir que o conteúdo e a forma estão em concordância com esse objetivo.
6. “Não sejam maus para mim”
“Estou nervoso, não levem a mal”, “É uma apresentação que já tenho preparada há anos, se não for boa não levem a mal”… São frases que, não com pouca frequência, são usadas por alguns oradores. Ao fazermos isso, baixamos as expectativas e perdemos a audiência, automaticamente criando uma barreira de comunicação.
7. Pedir desculpa
Pedir desculpa chama atenção para o erro que, se calhar, ninguém notou. A comunicação é extremamente imediata, o que significa que, se continuarmos com o nosso discurso fluído, não sinalizamos o erro e a audiência dificilmente se apercebe do mesmo. Um erro irrelevante ganha relevância ao relembrarmos a audiência desse erro.
8. Surpresas com 200 pessoas
Se somos convidados para, por exemplo, uma palestra e a organização que nos convida não cumpre com a obrigação de nos dar determinadas informações e orientações, cabe-nos, enquanto oradores, procurar saber:
- Qual a temática
- Qual o público
- Para quantas pessoas
- Durante quanto tempo
- Quando
- Onde (espaço físico)
A grande maioria dos traumas de falar em público deriva da falta de resposta a estas questões. Chegar mais cedo ao local, se não for possível visitá-lo com mais antecedência, é crucial para estudarmos as possibilidades de movimento corporal e exposição. Outra opção, embora não ideal, é termos uma fotografia do espaço.
9. Demasiado foco no suporte digital
Devemos sempre começar por fazer a preparação da nossa apresentação a papel e caneta; isto traduz-se em maior eficiência. A última coisa a elaborar, em contraste, é o PowerPoint, que complementa a narrativa. Deixá-lo para último significa que teremos menos tempo para os fazer (pois usamos tempo precioso da maneira correta, preparando e adaptando todo o conteúdo do discurso), logo, será mais simples e direto. Um suporte digital complementa a apresentação; nunca a substitui.
Além disso, de cada vez que alteramos o foco de atenção, do orador para o PowerPoint ou vice-versa, perdemos 0,5 segundos de informação. O suporte deve, portanto, ser o menos complexo possível.
10. Fugir da audiência
No decorrer da nossa apresentação, se ficarmos na parte de trás do palco, encostados ao PowerPoint, teremos mais tendência a olhar para e a refugiarmo-nos nos slides. Consequentemente, a voz será projetada para a parede e constituirá uma barreira na comunicação.
Em contrapartida, se estivermos mais chegados à parte frontal do palco, conseguimos manter mais contacto visual com a audiência, passamos uma imagem mais confiante e damos sinais de conforto, ao mesmo tempo que demonstramos menor dependência do PowerPoint.
Se necessitarmos de nos movimentar, devemos, então, fazê-lo na parte da frente do palco. Se não for o caso, devemos, antes de iniciar a apresentação, dar um passo em frente na direção da audiência – isto sinaliza que estamos à vontade, que o palco é nosso e que vamos começar. Se estivermos sentados ou atrás de um púlpito, devemos simular este “passo em frente” inclinando-nos ligeiramente para a frente.
Saber o que evitar e onde nos devemos focar, antes e durante uma apresentação, é crucial para uma prestação de excelência. Sente que ainda não tem o que precisa para discursar com fluidez e passar a mensagem certa à sua audiência? O Curso de Falar em Público dá-lhe todas as ferramentas para que possa atingir o seu objetivo. Participe!