Como Dominar o Nervosismo
ao Falar em Público

O medo de falar em público é um dos medos mais comuns no mundo, sendo que 93% das pessoas assume já ter tido, num certo período da sua vida, medo de falar em frente a uma audiência.

A simples ideia de estar diante de uma plateia, com todos os olhos postos em nós, pode provocar uma onda de nervosismo que nos bloqueia a mente, atrapalha o discurso e compromete a mensagem.

Tememos o julgamento, o rídiculo, o embaraço. E é precisamente essa pressão que nos faz ficar nervosos. Por isso, dominar o nervosismo ao falar em público passa, antes de tudo, por compreendê-lo, de forma a que ele não nos domine e talvez até jogue a nosso favor.

Tópicos abordados neste artigo:

A maior parte das nossas vidas é passada a comunicar, portanto, quem o faz bem destaca-se dos demais. Por outro lado, quem não o consegue fazer acaba por sofrer consequências. Oportunidades perdidas em todas as vertentes da vida, a sensação de ter tanto para dizer e não ter o à vontade para o fazer, e a desilusão de sabermos que o que dissemos ficou muito aquém do que queríamos dizer ou do conhecimento que temos, são alguns exemplos.

Neste artigo, exploramos os principais motivos pelos quais ficamos nervosos ao falar em público, de que forma esse nervosismo é percebido pela audiência e, sobretudo, como é que o podemos dominar com confiança e naturalidade.

Porque ficamos nervosos antes de falar em público?

Antes de dominarmos o nervosismo ao falar em público, precisamos de perceber o que está na sua origem. Afinal, porque razão sentimos frio na barriga, as mãos a suar ou o coração a acelerar quando nos preparamos para uma apresentação?

Uma das principais razões é a sensação de exposição. Falar em público coloca-nos numa posição vulnerável: sabemos que estamos a ser observados, avaliados e, muitas vezes, julgados. Mesmo quando estamos bem preparados, essa consciência pode gerar uma enorme pressão para parecermos confiantes, credíveis e competentes – e é precisamente dessa pressão que nasce o nervosismo.

Na realidade, as pessoas não têm medo de falar em público; têm medo de falhar em público, o que é algo radicalmente diferente.

Por sua vez, o nervosismo também tem uma raiz biológica: muito do que é a nossa reação de nervosismo atual está ligado ao que eram os nossos antepassados, mulheres e homens das cavernas.

Nesse tempo, uma ameaça real (como um urso, por exemplo) ativava o sistema de alarme do cérebro, preparando o corpo para lutar ou fugir. Hoje, embora os ursos tenham sido substituídos por audiências, reagimos da mesma forma. O nosso cérebro interpreta o ato de falar em público como uma ameaça à sobrevivência, desencadeando reações físicas e emocionais intensas.

Saiba mais sobre o funcionamento do cérebro e sobre a forma como este reage a ameaças no artigo O Cérebro e as Emoções da Skills and Lead.

O que é mais importante quando falamos em público: conforto ou confiança?

Com base no que já vimos anteriormente, é seguro afirmar que o medo de falar em público está relacionado com a nossa autoconfiança, que desempenha um papel fundamental no que toca a enfrentar com sucesso, e sem medos, uma audiência.

Muitas pessoas tentam resolver o nervosismo com afirmações positivas diante do espelho: “Tu vais conseguir! Vai correr tudo bem!”. Mas, se esse esforço não assenta numa base em que estamos confortáveis com o conteúdo e o contexto, facilmente desmorona assim que pisamos o palco.

É por isso que, mais do que confiança, nós precisamos de uma coisa base: conforto. É o conforto que transmite ao público a imagem de alguém confiante e seguro. Quando vemos um orador confortável com o que está a dizer, percebemos que ele é digno da nossa atenção.

A audiência percebe que estou nervoso?

Uma das preocupações mais comuns quando falamos em público é: “Será que o público nota o meu nervosismo?”. E a resposta é: sim, muitas vezes nota – mas existem formas de minimizar esse impacto.

O nosso corpo revela mais do que pensamos. Mas quais são os sinais que nos denunciam? E de que forma podemos usar a empatia a nosso favor para tentarmos minimizar esses sinais?

Pequenos gestos, muitas vezes inconscientes, são sinais claros de nervosismo: mexer nas mãos, brincar com canetas, anéis ou com o cabelo são exemplos típicos de tiques de auto-acalmia, uma tentativa de passar o nosso nervosismo para os objetos para nos conseguirmos acalmar. O problema é que a audiência vai sentir esse desconforto.

Este fenómeno está intimamente ligado ao funcionamento dos “neurónios-espelho”: que, simplificando, são os neurónios responsáveis pela imitação subconsciente de certos comportamentos que observamos nos outros. Isto não significa que se levantarmos o braço toda a gente vai levantar o braço; significa, sim, que, por exemplo, se estivermos visivelmente desconfortáveis, o público vai sentir aquilo a que comummente chamamos “vergonha alheia”. E qual a melhor maneira de travar essa vergonha alheia? Desviando o olhar. Mas quais as consequências de desviar o olhar? Enquanto oradores, perdemos por completo a atenção do público e, a partir do momento em que a perdemos, é muito difícil voltar a ganhá-la. Daí ser tão importante estarmos confortáveis.

O neurónio-espelho funciona pelo lado negativo, ou seja, se estamos desconfortáveis passamos uma mensagem de desconforto. A boa notícia é que também funciona pelo lado positivo. Quando conseguimos transmitir conforto – mesmo que ainda sintamos algum nervosismo – a audiência responde com mais empatia e interesse. É por isso que dominar o nervosismo ao falar em público passa também por dominar a linguagem não verbal.

Mas será que para criarmos empatia temos de manter um sorriso falso? Não necessariamente.

Como criar empatia de forma autêntica?

A empatia é um enorme fator de influência. No entanto, isto não quer dizer que tenhamos de manter um “sorriso amarelo” quando falamos com as pessoas, mas sim que não devemos ter uma postura fechada.

Um sorriso falso ou forçado, pode criar ainda mais distância entre nós e a audiência. Em vez disso, vale mais apostar em sinais genuínos de abertura:

  • Contacto visual consistente, que mostra atenção e envolvimento;
  • Gesticulação aberta, que comunica transparência;
  • Orientação do corpo para quem está a ouvir, em vez de apenas virar a cabeça.

Mesmo quem não tem uma tendência natural para sorrir pode construir empatia através destes comportamentos. O importante é parecer disponível, presente e confortável – porque é isso que o público percebe e valoriza.

Como fazer para não ficarmos nervosos ao falar em público?

Estar nervoso nem sempre é um mau sinal. Na verdade, significa que nos importamos com o impacto daquilo que vamos dizer. O problema surge quando deixamos que essa preocupação se transforme em pânico.

Todas aquelas ideias que nos são transmitidas – desde desvalorizar a situação, imaginar a audiência nua, entre muitos outros absurdos – não são mais do que formas de contornar a situação e não encarar o problema. Fugir do nervosismo não é a solução – a chave está em prepararmo-nos para lidar com ele.

4 Estratégias para Dominar o Nervosismo

Dominar o nervosismo ao falar em público exige mais do que coragem: exige método. Aqui estão quatro estratégias fundamentais para nos ajudar a fazê-lo:

1. Preparação, preparação, preparação

Nada substitui uma boa preparação. Este é o principal elemento para o sucesso de uma apresentação.

A apresentação em si é a oportunidade que temos para mostrar o que sabemos e o que valemos e é o elemento-chave para tirarmos partido dessa oportunidade. Se fizermos uma boa preparação, iremos sentir mais confiança na apresentação e partiremos para o palco com confiança redobrada.

Give me six hours to chop down a tree and I will spend the first four sharpening the axe.*
– Abraham Lincoln

* Dêem-me seis horas para cortar uma árvore e eu irei passar as primeiras quatro a afiar o machado.

2. Visualização Positiva

Qual o maior erro que cometemos que, mesmo antes de entrarmos em palco, já ditou um resultado negativo? Pensar no que vai correr mal. Como diz a lei de Murphy, “se pode correr mal, vai correr mal”, portanto, fazer isto obviamente vai baixar a nossa confiança e preparar-nos para falhar.

Pensar em tudo o que pode correr mal enfraquece a nossa presença. Em vez disso, devemos visualizar a apresentação a correr bem, imaginar reações positivas da audiência e sentir-nos a comunicar com clareza.

Fizemos o trabalho de casa, a preparação foi sólida, sabemos o que vamos ali fazer e vamos tirar o máximo dessa oportunidade. Isto fará com que entremos em palco muito mais confiantes e preparados para fazer uma apresentação de sucesso.

3. Saber que Não Estamos Sozinhos

O medo de falar em público é extremamente comum mas, quando estamos a fazer uma apresentação, tendemos a esquecer-nos disso: pensamos que somos as únicas pessoas no mundo que têm medo de estar em cima dum palco.

É importante lembrarmo-nos que 99% das vezes vamos estar a falar perante pessoas que também têm receio de falar em público ou que não o sabem fazer particularmente bem. A audiência, em geral, reconhece o desafio e tende a ser mais compreensiva do que imaginamos. Por isso, não temos de estar com uma tensão acrescida, antes pelo contrário, pois se fizermos uma boa apresentação seremos reconhecidos por isso.

4. 10 minutos antes: Preparar o Corpo, Não o Conteúdo

Infelizmente, a maioria das pessoas passa os 10 minutos antes da apresentação a entrar em pânico, a rever exaustivamente o que preparou e a repetir para si aquela mensagem, sempre tão eficaz: “Não me posso esquecer disto, não me posso esquecer disto, não me posso esquecer disto…” E não é que acabamos sempre por nos esquecer disso?

O principal erro cometido neste tempo é focarmo-nos no que temos de fazer em palco, pois quanto mais pensamos no que vai acontecer, mais pressionados nos sentimos e pior vai correr a nossa apresentação.

Nos 10 minutos antes de irmos para palco, a nossa mensagem já deve estar completamente preparada. Sabemos o que queremos atingir e sobre o que temos de falar para chegar a esse fim. Se não nos preparámos antes, não será naqueles minutos que nos vamos preparar.

Por isso, o pouco tempo que temos antes da apresentação deve ser usado para regular o nosso estado físico e emocional:

  • Observar o orador anterior: não para comparar, mas para absorver o ambiente e, quem sabe, encontrar um gancho para o nosso próprio discurso;
  • Praticar técnicas de respiração: respiração lenta e profunda ajuda a acalmar o sistema nervoso;
  • Desviar o foco: desenhar, ouvir música ou conversar com alguém pode ajudar a recentrar o nosso foco;
  • Socializar: falar com alguém da audiência antes de começar cria aliados no público e facilita o contacto visual com rostos familiares.

There are two types of speakers: those that are nervous and those that are liars.*
– Mark Twain

* Existem dois tipos de oradores: o que estão nervosos e os que são mentirosos.

Falar em público é desafiante, sim. Mas o nervosismo não tem de ser um obstáculo intransponível. Quando o compreendemos, quando nos preparamos e praticamos, conseguimos não só controlar o nervosismo, mas também transformá-lo numa energia positiva para comunicar com mais impacto.

Aceitar o nervosismo como parte natural do processo é o primeiro passo para o dominar. E quanto mais praticamos e nos expomos, mais natural se torna o ato de falar em público, e menos espaço damos ao medo.

Se sente que o nervosismo ao falar em público tem limitado as suas oportunidades, saiba que isso pode mudar. O Curso de Falar em Público vai ajudá-lo a aprender a comunicar com confiança. Inscreva-se e garanta agora a sua participação na próxima edição!

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